DEUS É AMOR. E PONTO.

02/05/2022 15:41
"Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor."  (Jo 4.7-8)
 
Segundo o Novo Testamento, Deus é amor. 
 
E ponto.
 
Qualquer correção que aplicamos a essa frase - como se o amor por si só não fosse suficiente e precisássemos adicionar outro elemento para ter sua eficácia atuante - diz muito mais a respeito de nós mesmos e muito menos ou nada a respeito de Deus.
 
"Deus é amor, mas é justiça!", dizem os que lá no fundo desejam que a justiça divina seja instrumento de vingança contra o próximo.
 
"Deus é amor, mas é fogo consumidor!", dizem os que, às vezes com reveladora clareza, querem ver seres humanos queimando nas chamas infernais porque pensam e agem de forma diferente dos seus padrões de moralidade.
 
Mas Deus é amor. E ponto. Aliás, Deus é Todo-Poderoso em amor.
 
Seu poder é revelado nos braços acolhedores do Pai da parábola do Filho Pródigo, conforme narrada por Jesus.
 
Ainda segundo Jesus, Deus é Pai amoroso, perdoador e pleno de misericórdia. Não faz acepção de pessoas. O seu sol e a sua chuva vêm sobre gente boa e gente má, sobre justos e perversos. Por isso, é bom que Ele se aproxime de nós. A vinda de Deus é uma boa notícia, não uma ameaça que destrói a paz que o evangelho nos fornece.
 
Deus é amor, e o amor é suficiente. O amor só se revela como insuficiente quando temos medo, quando, inseguros em relação a esse amor divino, pensamos ser necessário corrigir o amor com algo mais. Ou ainda: pensamos ser necessário merecê-lo com nossas ações religiosas. Eis aí a porta de entrada para a hipocrisia farisaica de quem se acha melhor que os demais porque, supostamente, ganhou a aprovação do Pai por seus próprios méritos. "Se sou chamado de filho é porque eu ME-RE-CI!"
 
Porém, Deus é pura gratuidade. Deus, em Jesus, caminha ao lado de pecadores e publicanos e senta com eles à mesa. Quando o Novo Testamento chama Jesus de "amigo de pecadores" é exatamente isso que ele está afirmando. O escândalo experimentado pelos fariseus diante dessa frase repousa na certeza que eles tinham que essa amizade com tais "pecadores" só poderia tornar Jesus um impuro, inimigo do Deus Santo que pregavam.
 
Mas Jesus não se aproxima das pessoas para pregar para elas, mas para viver como amigo delas. É justamente essa amizade que Jesus oferece (e apenas ela!) que é capaz de fazer com que a vida seja transformada. Sim, Jesus aceita as pessoas como elas são porque, em sua compreensão, apenas essa aceitação é capaz de mudar a vida. O perdão que Jesus oferece nos evangelhos ANTECEDE o arrependimento. O Filho faz o que vê o Pai fazer (cf. Jo 5.19). As ações de Jesus são as que o próprio Pai também assume como suas.
 
Termino com a belíssima descrição que o teólogo católico Karl Rahner faz sobre Deus. Para Rahner, Deus é: “seriedade que ama alegremente, o começo que é nosso futuro, o soberano santo que leva a cabo sua obra com grande paciência, sem pressa, sem medo de nossas queixas desesperadas nem de nossas acusações impacientes.” (RAHNER, Karl, La gracia como libertad. 3ª edição. Barcelona: Herder, 2008, p. 33)
 
Deus é amor.
 
Aceite!
 
Marcio Simão de Vasconcellos