O CAMINHO DO SEGUIMENTO DE JESUS

Jesus nos diz uma palavra: “Segue-me.”.

Não nos deixa um caminho pronto, especificado no mapa da existência, com passagens bem delimitadas e atalhos revelados. O “segue-me” de Jesus não é pré-fabricado. É, antes, um caminho que se descobre enquanto caminha em fé. Como bem disse o poeta: o caminho se faz caminhando.

Este é o caminho do seguimento de Jesus.

O caminho do seguimento de Jesus passa por desertos e por lugares pobres e ermos. O caminho não se faz dentro de palácios reais, nem em companhia dos poderosos; não anda pelo Templo, nem sacrifica mecanicamente sob ordens das elites religiosas. O caminho é feito no ermo, na periferia, entre os excluídos da sociedade, entre os que não têm voz nem vez na ótica destas elites.

O caminho do seguimento de Jesus se faz na poeira da vida, no suor do trabalho, no cansaço do dia-a-dia; no contato com gente que sofre, que chora, mas que também se alegra na vida pois a percebe como dom do Pai. O caminho se faz no toque, na lágrima compartilhada, no abraço carinhoso de quem se faz presente, mesmo que não saiba o que dizer.  O caminho se faz na solidariedade, na partilha do pão, no dar água ao sedento, no vestir o nú, no viver junto em sadia comunhão.

O caminho do seguimento de Jesus se faz na alegria da descoberta infinita de Deus, do seu Mistério revelado em Cristo. E, contudo, o caminho se faz iluminado pela dúvida, pelo sentir-se sozinho às vezes, pela noite escura da alma.  O caminho se faz no dia da festa e no dia do luto, no dia dos ganhos e no dia das perdas, no júbilo da vida e no ocaso da morte. O caminho se faz na certeza de que é impossível ter certeza sobre o modo de ser de Deus. O caminho se faz na alegre confissão da ignorância teológica que, como ocorre com uma criança, confia no Pai apenas porque... bem, Ele é o Pai!

Se é assim, então vale a pena questionar a prática evangélica que é praticada em nossas comunidades de fé. Qual caminho caminhamos? O que fazemos e por onde vamos quando ouvimos o “segue-me” de Jesus? Caminhamos por onde o Deus da vida nos leva ou impomos nosso roteiro de viagem em busca da riqueza, do luxo e do poder? Desejamos estar com Deus, no deserto, ou preferimos nos aliar ao poder que busca monopolizar o acesso ao Sagrado? Nosso caminho segue a prática ministerial de Jesus, ou tem seus próprios interesses e desejos?

Que cada um responda.

Quanto a mim, prefiro caminhar nos passos de Jesus.

Marcio Simão de Vasconcellos